quarta-feira, outubro 05, 2011

Nunca o disse



Visto da estrada que leva a Telheiras, o Bairro Padre Cruz é um quadriculado de casinhas brancas entre árvores - um declive ao sol, como um cemitério. Visto de perto, há assadores à porta de casa, cães nervosos, gente de pijama na rua, vento nas árvores. Iniciado em 1960, no regime salazarista, é a prova de que a província não acaba onde a cidade começa. Uma aldeia portuguesa, com certeza. 

E este espírito de sacrifício, este "amor incondicional", intuitivo, sem reflexão nem hesitação teria muito mais valor se fosse passado num bairro periférico, onde as pessoas têm de se haver com a sobrevivência quotidiana e não lhes sobra tempo para outras elaborações. Por isso escolheu o Bairro Padre Cruz (sugestão da sua empregada doméstica), um bairro social do tempo de Salazar, perto da Pontinha. A câmara cedeu-lhe a casa do nº 21 do Rio Sabor, uma micro-moradia geminada, toda entaipada depois de ter servido de casa de chuto do neto de um dos iniciais moradores


Quando em 2009 dei uma volta a minha vida, começou aqui. No Bairro Padre Cruz. Custou mesmo muito, não é uma bairro fácil, os miúdos não são fáceis :) mas sobrevivi e queria ver este filme, pois claro

2 comentários:

Dulce disse...

Também quero muito ver esse filme... vi uma reportagem com os actores principais em San Sebastian, no Festival de Cinema e fiquei cheia de curiosidade. Quanto ao Bairro Padre Cruz, 'conheço-o' sobretudo das indicações dos autocarros em Lisboa... ;) na verdade, acho que nunca andei por esses lados e desconhecia até a sua origem.

ana sofia santos disse...

Eu também tinha visto e quando falaram do bairro oh ainda abri mais as orelhinhas :)
Quem não tem nada que fazer lá, não entra, ainda bem que a escola fica numa ponta, mas parecia que estava a entrar noutro mundo hehe